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  • Pensar a Dois

Temos andado (muito!) distraídos


O segredo de um bom mágico está em desviar o foco da atenção da plateia para longe de onde o truque está sendo realizado.


Essa distração permite com que o mágico consiga, com destreza e rapidez, tirar o coelho da cartola sem que o seu modus operandi seja percebido.


Assim, “enganando” o público, ele se faz soberano, dono da situação, levando os olhares das pessoas de um lado para o outro.


O mesmo princípio da distração dos mágicos vale para a manipulação de massas.


Na lista do filósofo Noam Chomsky* (que pode ser vista acima), a estratégia da distração é o primeiro item.


Não é por acaso, portanto, que o Brasil vem se perdendo nos últimos anos em questões inócuas e ultrapassadas sobre direita x esquerda, comunismo x capitalismo, conservadores x liberais, religiosos x laicos, heterossexuais x homossexuais, rosa x azul, etc


Temas esses que são geralmente conduzidos de forma enviesada e falaciosa, somente com o propósito de desinformar, enganar e polarizar, e não esclarecer ou construir algo positivo. Tudo feito para nos manter dentro da Matrix.


Em vez de nos focarmos no debate de temas ricos e produtivos, como educação para os novos tempos, estimular a produtividade sustentável, buscar a igualdade social e o autoconhecimento, investir no empreendedorismo com impacto social e no desenvolvimento de softskills, melhorar a qualidade de vida, perdemos tempo nos distraindo com assuntos supérfluos.


Com a população distraída, enganada e dividida por temas irrelevantes, fica mais simples para grupos políticos, grandes empresas, famílias oligárquicas conduzirem a população pelo cabresto, para onde quiserem.


Se formos analisar os outros itens da lista de Chomsky, é gritante a semelhança com a realidade brasileira. Criar um problema para oferecer uma solução, dirigir-se ao público como crianças, utilizar o aspecto emocional mais do que o racional, manter as pessoas na ignorância e estimular a complacência pela mediocridade...


Um retrato fiel dos tempos no qual vivemos, não?


Esse contexto alienante cria um ambiente fértil para a difusão da idolatria.


Os distraídos adoram idolatrar.


É fácil, tira de nossos ombros a responsabilidade pelos rumos do país e também permite identificar quem é o “inimigo”, ou seja, as pessoas que não cultuam o mesmo ídolo (ou que não cultuam nenhum ídolo), que pensam com independência e liberdade e que são culpados por tudo de ruim que acontece conosco e com o país.


A idolatria cega. Emburrece. Mina o senso crítico das pessoas. Elas não percebem que não existem salvadores da pátria, que todos somos falíveis, imperfeitos e que só somos melhores quando nos despimos de nossos preconceitos e dos caprichos do ego e atuamos em conjunto em prol de um objetivo comum.


Em pleno século 21, chamar um agente público de herói, ou carregá-lo nos ombros como uma divindade é um sinal de que temos um looooooooongo caminho pela frente.


Ao idolatrar um político estamos dando carta branca para que ele faça o que quiser conosco, abusando do poder, utilizando meios ilícitos para alcançar seus fins e impondo suas crenças, a maioria delas limitantes e egóicas.


O que aconteceu recentemente com Lula está se repetindo com “herói” Moro e o “mito” Bolsonaro. O desfecho será o mesmo. A imagem de todos ruirão. É só uma questão de tempo até toda a verdade vir à tona. Só quem está cego pela idolatria não consegue perceber.


E, para o bem de todos, que isso aconteça o quanto antes. Porque, ao contrário do que diz aquela canção dos Titãs, não queremos e não podemos mais ser “protegidos” pelo acaso enquanto estivermos distraídos.


Chega de aplaudir o mágico que nos engana. Precisamos estar focados na construção de uma nova sociedade, mais justa, espiritualizada, humanizada e altruísta. Apenas isso. O resto é distração.


Denis Zanini Lima


*imagem criada por Cari Mello




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