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Educação pós-pandemia: o que de fato importa?


A educação tem enfrentado fortes golpes com a Covid-19. No Brasil, desde março de 2020, cerca de 48 milhões de estudantes deixaram de frequentar as atividades presenciais nas mais de 180 mil escolas de ensino básico.


As soluções tecnológicas para tentar seguir com o ensino mesmo com o confinamento, embora aparentemente familiar, trouxe uma mudança dolorosa da sala de aula física para a digital, tanto para os professores (que ficaram ainda mais sobrecarregados) quanto para os alunos e pais, enfatizando o quanto o sistema educacional está despreparado para o futuro.


Então, como as escolas poderão promover o aprendizado frente à diversidade de realidades socioeconômicas presente no País? Como promover o aprendizado com a dificuldade de acessos de alguns para a educação à distância?


Como despertar a criatividade das crianças e jovens, já que essa é uma soft skill primordial para a sobrevivência atual e futura?


A maioria das escolas não está preparando os alunos para serem criativos e inovadores. Ou antes disso: não está preparando os alunos para desenvolverem reflexões sobre valores que construam ferramentas que os façam lidar com as adversidades da vida.


Não estão estimulando o aprendizado, o reaprendizado, a reformulação de pensamentos, os caminhos criativos para lidarem com as incertezas e frustrações.


Neste sentido, a Covid-19 oferece uma grade oportunidade para repensarmos o que de fato importa na educação. Mesmo antes da pandemia, os sistemas escolares já estavam desconectados das realidades e necessidades dos alunos. A evasão escolar já era presente. Os jovens não se apeteciam pelas aulas “mecânicas”, pela educação ainda pautada no modelo prussiano e industrial do século 18.


A educação apresenta muitos gargalos a serem otimizados, ou muitos gaps a serem corrigidos. Entre eles: ensino defasado (não contemporâneo aos dias atuais), falta de “tesão” dos jovens pelo ensino, salários baixos e falta de incentivo aos docentes, falta de preparo técnico e reciclagem para os docentes, falta de infraestrutura adequada para um bom ensino, falta de engajamento e participação dos pais junto às escolas...


A pandemia é um sinal vermelho para a educação. Aprendemos com o distanciamento social que os meios digitais por si só não são suficientes, principalmente para a formação social do indivíduo. O ambiente escolar corresponde a um fator determinante na construção da personalidade e desenvolvimento de competências e habilidades sociais do aluno.


A hora e a vez da Educação Emocional


Chegando a vez das escolas também trabalharem a educação emocional dos alunos.


Como afirmou o professor da Universidade Complutense de Madrid, Rafael Guerrero, “os jovens com maior domínio de suas emoções têm melhor desempenho acadêmico, maior capacidade de cuidar de si e dos outros, mais predisposição para superar as adversidades e menor probabilidade de se engajar em comportamentos de risco”.


Não dá mais para seguir com o ensino das fórmulas decoradas, das respostas padrões, do ensino sem questionamentos. Sem educação emocional, não adianta saber resolver qualquer tipo de equação matemática.


A educação emocional proporciona o conhecimento das próprias emoções e dos outros. Resulta na prevenção dos efeitos nocivos das emoções “negativas”, que levam a problemas de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais, cada vez mais presentes nos jovens.


É importante ensinar aos jovens que este mundo não pertence apenas a nós, e enfatizar a conscientização sobre comunidade, coletivo e sociedade. A humanidade precisa ser capaz de pensar de maneira sistêmica, buscando antecipar o impacto de suas ações em múltiplos níveis e contextos, e a capacidade de prevenir riscos depende do acesso ao conhecimento, à educação e ao desenvolvimento da criatividade. E sem educação emocional não há criatividade. Não há o pensamento crítico.


Essa crise nos oferece uma excelente oportunidade para unir famílias e escolas. Os pais tiveram a oportunidade de acompanhar de perto o desenvolvimento de seus filhos, bem como a valoração dos profissionais do ensino. Puderam enxergar também o comportamento, as frustrações, o emocional abalado e a carência da presença deles na formação de seus filhos.


O que de fato importa?


A “perda” de conteúdo e “notas” baixas, ou ganhos como maior proximidade com os pais, respeito aos idosos, empatia, solidariedade entre tantos outros aprendizados ocasionados pelo isolamento?


Notas altas com fórmulas decoradas, respostas padrões, acatar sem questionamentos? Ou jovens com domínio de suas emoções e capacidades de superar as adversidades e usando de sua criatividade de forma colaborativa para melhorar o mundo?


O que de fato importa?


É necessário que o sistema educacional abrace formatos que envolvam mais grupos de colaboração, práticas integradas para a saúde mental, atividades em conjunto com a família, improvisação e processos criativos, possibilitando que o aluno responda melhor às necessidades e desafios do mundo atual, bem como os seus desafios internos.

Priscylla Spencêr

Especialista em Facilitar Transformações, entusiasta nos assuntos sobre a relação humana, autoconhecimento e educação.

Especialista em mapear processos e sentimentos.

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