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  • Pensar a Dois

Sobre a nossa mania em procurar culpados

Atualizado: 23 de mar. de 2023




Basta acontecer algo que lá estamos nós, a procura dos culpados! Será porque somos e vivemos influenciados pelas mídias? Ou por uma mania incessante com a ilusão de tirar de nós as nossas “culpas”? Culpar o outro é sempre muito mais fácil, não é mesmo? Desde as pequenas discussões às grandes tragédias. Fazer algo pelo outro, procurar formas de ajudar é mais difícil!


Estamos mal-acostumados em sempre culpar os governantes por tudo o que acontece neste País! Se é para buscarmos culpados, e nós? Não temos culpa? O que estamos fazendo para mudar este cenário trágico que se transformou o Brasil e o mundo?


Enquanto mais falarmos, lamentarmos, massificarmos as tragédias ocorridas, sem ações concretas para mudar, mais estaremos colaborando para novas tragédias. Começando pela vibração do mal, pelas mensagens inconscientemente maléficas aos que sofrem com a perda de seus familiares. Ou pensamos que estamos ajudando assim?


Não!


Se você acha que não pode fazer nada, comece por atos simples como: não compartilhe notícias ruins, não fique repetindo sobre as mesmas cada vez que encontrar alguém, ore e vibre positivamente para todos que se foram e para seus familiares superarem as perdas. Ore em silêncio! Agradeça por poder fazer isso! Pronto! Você começou a fazer algo para mudar este cenário violento com ausência de amor.


Sim, no Brasil, temos o presidente eleito apontando “arminhas”, estimulando a violência, propondo o armamento a população. Isso agrava a situação. Mas está muito longe de ser a causa profunda. Aliás, devemos nos perguntar porque tal pessoa, com tanta apologia que faz da violência, atraiu tantos jovens ao seu discurso.


As mesmas “sombras” profundas do inconsciente das massas que levam a identificação com tais personagens (não só a do presidente eleito, mas do guru, ídolo, familiar...) são as que levam um menino a sair atirando contra crianças e professores?


O que está errado?


Quem são os culpados?


E nós?


Esquecemos dos princípios básicos para educar um filho? Pior! Esquecemos de doar o principal: Amor. Esquecemos da educação. Esquecemos de participar e nos engajar com a educação.


A educação teria que ser um processo de desenvolvimento pleno, acolhedor. Todos precisam de amor inteiro e verdadeiro na infância. Sim. Amor. Winnicott já estudou o quanto a privação afetiva nos primeiros anos da criança causa buracos internos, que levam à loucura e à delinquência. Esse amor não é algo abstrato – comida, teto, roupa, ambiente saudável. Mas também é toque, colo, carinho, aconchego, escuta, presença protetora e confiável do adulto.


Então, e nós?


Continuamos sem fazer nada?


E depois, nas escolas, a criança precisaria ser educada não apenas considerando o seu desenvolvimento cognitivo. E isso já é muito mal feito, especialmente na sucateada escola pública brasileira. A escola deveria ser estimulante, criativa, verde, afetiva, sem muros, com diálogo e democracia e não com regras impostas.


Mais muito além dessa parte intelectiva, a criança precisa de uma educação terapêutica. Aprender a analisar, expressar e trabalhar as próprias emoções. Não se sentir sozinha, rejeitada, cheia de medos e frustrações, sem possibilidade de diálogo e socorro. Ainda pior para os meninos, que são criados numa cultura extremamente machista, chamado de forte e herói, macho predador...muitas vezes pelo pai ou pelas referências masculinas que tem em torno de si. Ou até mesmo pela ausência delas.


Continuamos não sendo os culpados?


Seria mesmo culpa única e exclusiva dos governantes? Em especial do presidente atual? Somos protagonistas da nossa história e nós podemos sim escrever novas páginas para uma história mais digna, igualitária, educadora, com menos violência e mais Amor.


Os nossos filhos são o futuro deste País e do mundo! Qual o legado que estamos deixando para eles? Um mundo onde a tecnologia substitui o afeto? Um mundo doentio, violento, com apenas valores materiais onde os melhores brinquedos são mais eficazes que o carinho, a atenção, a presença e o acolhimento? Um mundo onde, nós, os pais, nos ausentamos das nossas “obrigações” como pais, cidadãos e donos das nossas histórias?


Quem são os culpados?


Qual o seu legado?


Priscylla Spencer


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