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  • Pensar a Dois

Por uma educação liberta e criativa

Atualizado: 23 de mar. de 2023


É sabido que a educação apresenta muitos gargalos a serem otimizados, ou muitos gaps a serem corrigidos. Entre eles: ensino defasado (não contemporâneo aos dias atuais), falta de “tesão” dos jovens pelo ensino, falta de preparo dos docentes para lidar com os jovens da nova geração, salários baixos e falta de incentivo aos docentes, falta de preparo técnico e reciclagem para os docentes, falta de infraestrutura adequada para um bom ensino, falta de engajamento e participação dos pais junto às escolas...


Sete de cada dez alunos do 3º ano do ensino médio têm nível insuficiente em português e matemática. Entre os estudantes desta etapa de ensino, menos de 4% têm conhecimento adequado nestas disciplinas (1).


Mas é com o português e a matemática que precisamos nos preocupar? Com geografia, biologia, história...?


Acreditamos que tudo precisa de fato ser melhorado. Porém, mais do que isso, é o que queremos apresentar neste manifesto, com o objetivo de mostrar por onde podemos começar, nós, sociedade civil, pais, cidadãos engajados e motivados na luta por uma educação que proporcione a formação de seres humanos que possam lidar com suas próprias emoções. Seres que possam criar livremente, que possam escolher o que querem ser, seres que possam competir menos e compartilhar mais.


Acreditamos que a educação linear não apetece mais, nem aos jovens, nem aos educadores. Vivemos em um mundo com constantes mudanças, no famoso mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo), onde cada vez mais precisamos estar seguros de si, para continuar a jornada individual, escolhida por cada um.


Acreditamos que precisamos dar a esses jovens a oportunidade de uma educação que os ensine a aprender e reaprender. Que os ensinem a serem aprendedores. Pois é isso que o mundo pede. E é isso que eles querem (vamos perguntar a eles?).


A educação linear, onde escolheríamos profissão única logo no término do ensino médio, sendo “definitiva” como carreira para o resto da vida, não existe mais. Essa linearidade não cabe mais. É a mesma coisa para aquela linha reta da vida: nascer, estudar, trabalhar, ter uma casa, casar, ter filhos... Não! Cada um tem o seu tempo! Cada um tem o seu direito de escolha para ser o que quiser ser.


Acreditamos que é necessário se libertar dos padrões, dos bloqueios das tradições. É necessário ensinar a aprender, a criar, a ter controle sobre os próprios sentimentos, a fazer o bem, a pensar nos outros. É necessário ensinar o autoconhecimento! Cada um precisa ter acesso a si mesmo. Ter acesso ao seu propósito individual.


Acreditamos que o propósito individual manifestado em cada um fará desse Brasil um País melhor, mais humano, igualitário, pois caminharemos para o propósito coletivo. O de uma Nação protagonista de sua história. O de uma Nação educada para exercer o seu poder de raciocínio coletivo em pró de todos.


Acreditamos que o autoconhecimento é uma ferramenta riquíssima e necessária na formação desses jovens cidadãos. Já existem escolas que aplicam práticas para provocar o autoconhecimento em seus alunos. Existem estudos que mostram os benefícios dessas práticas aplicadas. Práticas como yoga, meditação, tai chi chuan, aulas de artes, musicoterapia, aromaterapia. E por que não projetos sociais?


Por que não ensinar as crianças e jovens o cuidar? Cuidar dos animais, das plantas, dos idosos, dos deficientes físicos. Qual seria o valor que poderíamos ensinar a uma criança, levando-a a uma ONG de animais e pedir que ela cuide de alguns gatinhos? Qual seria o valor ensinado a um jovem, ao levá-lo a um abrigo de idosos e pedir que ele conte uma história para uma senhora? Ou ensine-a a fazer um origami. Qual seria o valor ensinado a uma criança ao levá-la para regar as plantinhas em um parque público?


Quais seriam os valores apresentados a essas crianças e jovens? O que essas ferramentas forneceriam a eles? Com certeza não estaríamos ensinando-as a competir. Tampouco a serem egoístas e só pensarem em si próprias.


Acreditamos que o incentivo a essas práticas servirá como verdadeiras alavancas para uma educação mais humana e inteligente. Acredite: para que servirão as fórmulas decoradas, as respostas prontas sobre história, o cálculo da raiz quadrada, se estes seres não forem capazes de lidar com as próprias emoções?


Sabe o que poderá acontecer? Ou melhor, já está acontecendo: jovens à beira da “loucura”. Ou por um excesso de cobrança, advindo da educação linear, ou pela falta de “tesão” ao ensino que não proporciona o aprendizado. Não proporciona o debate, o pensar, a criação, o questionamento, o compartilhamento e a vontade de aprender.


O Brasil tem 1 caso de suicídio a cada 46 minutos. É a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A taxa de mortalidade por suicídio no Brasil cresceu 2,3% em 1 ano, de 2015 para 2016 (2).


O que seria a depressão? Por que mais de 320 milhões de pessoas no mundo estão com depressão? O que está acontecendo conosco, com os nossos jovens? O que precisamos fazer para resgatar a nossa integridade psíquica? Por que estamos “enlouquecendo”?


É o que está acontecendo.


Acham que esses dados assustadores não se correlacionam com a educação? Vocês não acham que uma educação consciente para o autoconhecimento não minimizaria essas dores dos transtornos mentais e suicidas?


“Os jovens com maior domínio de suas emoções têm melhor desempenho acadêmico, maior capacidade de cuidar de si e dos outros, mais predisposição para superar as adversidades e menor probabilidade de se engajar em comportamentos de risco”, afirma o professor da Universidade Complutense de Madrid, Rafael Guerrero.


Se formos investigar, muitos dos problemas dos adultos se devem às dificuldades em lidar com as emoções e isso nunca foi ensinado nas escolas. Isso nunca foi ensinado pelos pais, porque vivemos numa cultura machista e desprovida de auto estudo. Nossos pais não tiveram esse ensino. Então, como poderiam nos ensinar?


Não dá mais para seguir com o ensino das fórmulas decoradas, das respostas padrões, do ensino sem questionamentos. Sem educação emocional, não adianta saber resolver qualquer tipo de equação matemática.


Vamos direcionar o olhar para nós, pais e professores. Vejamos: insegurança, baixa autoestima e comportamentos compulsivos são algumas das consequências da falta de ferramentas para gerenciar nossas emoções. Temos que começar a nos entender e nos treinar para que tenhamos capacidade de educar nossas crianças no domínio de seus pensamentos.


A educação emocional proporciona o conhecimento das próprias emoções e dos outros. Resulta na prevenção dos efeitos nocivos das emoções negativas, que levam a problemas de ansiedade, depressão e outros transtornos mentais.


Os professores precisam aprender a administrar suas próprias emoções para que possam “ensinar” as crianças e adolescentes. O autoconhecimento é algo fundamental na base de educação, através das famílias e das escolas. Pais também precisam estudar as emoções para entender seus filhos e os ajudarem nessa busca do autoconhecimento. Assim como é preciso um maior engajamento entre os pais e as escolas. Precisam se falar e interagir mais com o objetivo de uma educação humana para as futuras gerações.


Acreditamos também que existem formas para iniciarmos uma melhora na comunicação entre pais, escolas e estudantes. Que tal um evento mensal com os pais juntos a seus filhos, com a escola promovendo atividades coletivas? Atividades ao ar livre, criação de um pomar, fabricar instrumentos musicais. Será que isso é um sonho não factível? Que tal a experimentação?


Faça uma vez, chame os pais, escolha um deles para ser o “líder” na condução de uma atividade coletiva, para que ele organize, participe e conheça seu filho mais a fundo. Mude o líder a cada reunião, crie um laço de confiança entre essa criança/jovem, sua família e a escola.


Levem a natureza para escola, através de hortas feitas pelos alunos, seus pais e professores. Plantem grama para que possam fazer aulas de meditação ao ar livre. Árvores frutíferas para que possam colher as frutas...


Transformem a escola em um ambiente onde os estudantes sintam-se em casa, confortáveis para falar, expor ideias, criar, compartilhar, trabalhar em conjunto. E, acima de tudo, permitam a liberdade do ser para esses seres em formação.


Sabemos que são muitos passos a serem dados, e necessitam de análises diversas, como as adequações das atividades as faixas etárias, análise da grade curricular, custo com a reciclagem dos professores e novos profissionais etc.


Como disse o grande mestre Mário Sergio Cortella em uma de suas palestras: “estamos vivendo um tempo de reviravoltas sem precedentes: na tecnologia, no trabalho, nas relações. Nesse contexto, mudar não é apenas imprescindível, mas inevitável. Principalmente quando se fala em educação”.


Então o nosso objetivo com esse manifesto é otimizar os passos que podem ser dados. Porém, queremos a execução, não são palavras bonitas para ficarem apenas aqui descritas.


Esteja engajado! Venha junto fazer algo pelo futuro das nossas crianças e jovens! Pelo futuro desse País!


(1) Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) em agosto de 2018.

(2) Dados do Ministério da Saúde publicados no G1 canal de notícias, em 20/09/2018.


Esse texto é parte do manifesto do Projeto Educação Colaborativa:

Por uma educação liberta e criativa, idealizado por Priscylla Spencêr e Tania Iorillo


Quem somos e o que queremos:


Somos seres preocupados com o futuro da nova geração. Queremos fazer algo para melhorar esse País e o mundo. Acreditamos que o futuro “justo” para todos, dar-se-á junto aos jovens despertados para a nova era: do autoconhecimento, compartilhamento, engajamento, generosidade e liberdade do Ser. Ajude-nos a construir um País mais igualitário e humanizado!


Priscylla Spencêr e Tânia Iorillo

Idealizadoras do projeto

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