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Pensar a Dois

Família e agregados: nosso maior desafio evolutivo




Uma coisa é certa: existem coisas nesta vida que vão além da nossa capacidade de entendimento e compreensão. Outra coisa também é certa: nada nesta vida acontece por acaso. E sob o ponto de vista do meu humilde conhecimento até então: nenhuma das pessoas que conhecemos passa por nossas vidas sem nos deixar algum recado para a evolução, sejam recados de “dor” ou de “amor”. Cabe a nós a interpretação desses recados como aprendizados, assim como aceitá-los com gratidão pela oportunidade de evolução.


Complexo, não?


Não vou usar exemplos para as afirmações acima, mas sim alguns questionamentos. Qual é o núcleo onde enfrentamos os maiores desafios evolutivos? Quais são as pessoas com as quais temos e sentimos mais problemas, mentiras, intrigas, não aceitação, inveja, ciúmes, desafetos, entre tantos outros? Não seria o núcleo familiar?


Reflitam sobre suas próprias famílias. Alguma não possui nenhum desses problemas? Por favor, levante a mão quem nunca teve direta ou indiretamente “problemas” com familiares ou agregados? Se acharam? Pois é minha gente, esses seres “colocados” em nossas vidas são nossos maiores desafios para evolução moral. Claro que não se restringe a eles, muitos outros seres também são “colocados” em nossas vidas para nos testar, muitos amigos, inclusive!


Pararam para pensar que muitos dos problemas acontecem pela não aceitação dos mais velhos para com os mais jovens? Que os mais maduros, digamos assim, vivem no pretérito, como se os anos não tivessem passado, e o mundo evoluído. São os conflitos gerados pela geração “Nutella” x geração “raiz”, como batizou em outro texto, o meu marido, Denis Zanini.


Acredito que um dos desafios para todas as gerações anteriores é aceitar a evolução do ser humano, é libertar os jovens dessa “carga familiar” e ancestral que os “aprisionam” a um mundo de bloqueios tradicionais aos quais não os apetecem mais.


São os filhos do mundo que estão aterrissando nesta grande esfera terrestre, são seres livres. Honramos (eu também me incluo) os nossos ancestrais e familiares, porém, não precisamos seguir tradicionalmente como eles foram ou querem que sejamos. Somos gratos por todos os ensinamentos trazidos até aqui, afinal, sem toda essa bagagem, não teríamos evoluído e continuaríamos a viver na “Idade da Pedra”, como homens das cavernas.


Acredito que aceitar e respeitar a liberdade dos próximos é um grande passo para iniciarmos a nossa evolução fraternal, entre a família e amigos. O amor entre a família é libertar estes seres as quais fomos “destinados” a viver juntos. Outro dia li a seguinte frase: “Quando um filho não sentir mais falta de sua mãe, é porque essa mãe cumpriu com a sua missão, amou-o e educou-o para o mundo.” Frase polêmica e de difícil aceitação, não?


Entendamos aqui que “não sentir falta”, não é esquecer a mãe, não é não mais amar a mãe, mas sim caminhar com as próprias pernas e sair para o mundo, com muita gratidão e amor a essa mãe que lhe ofereceu sustentação e o ajudou a ter coragem e amor para seguir. Amar é libertar. É respeitar.


Vou contar algo que nunca comentei com ninguém: quando morei na Turquia por alguns meses, não senti falta da minha família, pois a base que me foi dada por eles, em especial pela minha mãe e avós maternos, foi tão sólida e amorosa, que eu consegui viver a minha liberdade naquele país com muita naturalidade. Nunca estive tão distante de casa e tão segura e em paz comigo.


Saudades eu senti, claro, mas não “aquela” vontade de estar junto, sabe? E isso não significa que não amo a todos, muito pelo contrário, o nosso amor me permitiu essa distância sem sofrimento ou medo. Eu vivi aquele presente com intensidade e agradeci-lhes todos os dias por estar ali, diante daquela velha Constantinopla, admirando e apreciando aquele mar dividindo dois continentes. Por ter aquela oportunidade de viver um presente tão enriquecedor, que me abriria portas para um futuro inusitado. 😉


Uma vida melancólica com o passado nos aprisiona e nos impede de viver o presente e o futuro. Talvez eu fale isso porque não tenho nenhum apego com o passado e sou um ser livre perante minha família. Acho que posso afirmar que não sofro dos bloqueios tradicionais. O amor vivido entre nós me fez entender que sou livre e muitíssimo grata por terem me permitido viver essa tal liberdade. Honro minha família e ancestrais, agradeço a todos por tudo, mas peço licença para me deixarem viver a minha vida, pois sou livre e tudo que eu vivi até hoje foi essencial para que eu esteja aqui discorrendo essas palavras.


E a vida real não são essas belíssimas imagens de felicidade que muitos fazem questão de expor em suas redes sociais. A vida real em família é uma vida desafiante e evolutiva, desde que estejamos abertos aos aprendizados nos proporcionado, desde que tenhamos o mínimo de conhecimento para entender que podemos amar a todos, cada um de sua maneira.


Não é estar “grudados” que nos faz amar mais, mas a liberdade de cada um sendo respeitada. É aceitando os defeitos e virtudes. É desafiante? Sim. Muito! Afinal fomos treinados a enxergar somente os defeitos, e quem não tem defeitos, não é mesmo? Se não tivéssemos, o que estaríamos fazendo aqui?


Então, que sigamos os nossos desafios juntos às nossas famílias, agregados e amigos, com conflitos sim, fazem parte dessa evolução, mas que a partir de agora, sigamos com mais leveza e aceitação do amor liberto. Do amor com respeito e na certeza de que não estamos juntos aqui pelo acaso. E mais, que as gerações anteriores aceitem a dinamicidade dos mais jovens, pois esse acolhimento os tornarão mais jovens também. O aprender nos permite a jovialidade por mais tempo.


Somos seres mais evoluídos que os nossos pais, assim como os nossos filhos são e serão mais evoluídos que nós. E os netos mais e bisnetos mais...


Priscylla Spencer

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