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Crianças e jovens à beira do abismo



O que leva uma criança de 8 anos a atentar contra a própria vida? O que faz um adolescente cortar abruptamente o seu vínculo com todos aqueles que estão a sua volta? O que está acontecendo com nossas crianças e jovens? O que me toca profundamente é tentar entender o motivo de alguém que está apenas começando a vida a não querer continuar. Alguém que possivelmente ainda não viveu nem 1/5 da vida, desistir tão cedo!


Fazendo um levantamento sobre esse assunto e buscando dados comprobatórios referentes aos índices de depressão e suicídios decorrentes dessa doença no Brasil, me deparo com índices assustadores.

Segundo a OMS, dados de 2017, a depressão é a principal causa de mortes por suicídio, com cerca de 800 mil casos por ano. O Brasil tem a maior taxa de pessoas com depressão na América Latina (5,8% da população nacional). Diante dessa estatística e por ter me aproximado do assunto, decidi escrever este artigo para levar ao conhecimento de mais pessoas um tema que ainda é tabu em nossa sociedade.


Vocês realmente acham que falar sobre suicídio corrobora para a ocorrência de mais casos? Ou seria a forma de abordagem sobre o tema? Sim. É um tema delicado e precisa ser tratado com certo cuidado. Mas não falar não é a solução.


De acordo com dados de uma pesquisa da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso Brasil), com base em números do Ministério da Saúde de 2000 a 2015 o registro de suicídios aumentou 65% entre crianças e jovens de 10 a 14 anos. No mesmo período, o crescimento foi de 45% na faixa etária de 15 a 19 anos.


A cada dia ele se torna mais “convidativo” às nossas crianças através das mídias. Vocês devem lembrar do caso recente do jogo da baleia azul que provocou mortes entre muitos jovens no mundo. Existem até tutoriais de como cometer suicídio, acreditem! Então, como não falar sobre isso? Como não envolver os pais na tentativa de que prestem mais atenção em suas crianças?


No mês de setembro participei de um workshop sobre suicídio promovido pelo Grupo Mulheres do Brasil em parceria com a ONG Espaço SER, onde pude constatar que sim, o tema é preocupante e delicado. Mas existem pessoas querendo falar e fazer alguma coisa para reverter essa situação.


Tive a grande oportunidade de ouvir uma família que vivenciou a tragédia de perder um jovem com apenas 14 anos de idade. E o mais incrível é que eles usaram a dor da perda para ajudar outros jovens que sofrem com algum tipo de transtorno.


Fiquei emocionada e muito sensibilizada com o que eles estão fazendo para não deixar que outras famílias vivenciem o que eles vivenciaram, ou melhor, para que esses jovens se sintam amados e inseridos na sociedade. E não pensem em tirar a própria vida.


A doação de amor através de atividades terapêuticas e físicas é a forma que eles encontraram para seguir em frente, unidos com o propósito de acolher estes seres que gritam silenciosamente por socorro. Atividades como yoga, meditação, reike, acupuntura, aulas de línguas e artes, são algumas que voluntariamente são dedicadas as estes jovens.


É amor que essas crianças e jovens necessitam. É inserção. É atenção. Muitos possuem algo especial que precisa ser percebido e acolhido. E os mais próximos deles, na maioria das vezes, são seus pais, que não percebem o apelo desses filhos. E os que percebem algo de diferente, fingem não perceber ou pensam não ser nada que faça-o perder tempo com diálogo, com um pouco de atenção. A vida é tão corrida não é mesmo? Por que perder tempo com “besteiras” de adolescentes?


Muitos desses seres, por algum motivo que vai além do meu conhecimento no assunto, possuem algo que não o fazem se sentir inserido neste mundo, neste lar, nesta família. Então, como fazer com os mesmos passem a se sentir fazendo parte deste mundo e dessa sociedade? O que eles estão querendo nos dizer? Qual a mensagem?


O fato, meus queridos leitores, é que precisamos salvar essas vidas. Não dá para fingir que não está acontecendo. Aos pais, faço um apelo para que tenham mais atenção com seus filhos. Observem o comportamento deles. Não ignorem qualquer sinal que o façam pensar em suicídio. Sejam parceiros dessas vidas. Sejam o amor que esses filhos buscam. Peçam ajuda quando perceberem algo de errado e que vocês não estejam preparados para lidar com determinada situação sozinhos.


Será que não é possível mudar este cenário? Não podemos nós fazer algo?


Não há nada que nos leve a crer na existência de um Brasil comprometido neste nível com a saúde da população. No entanto (e como sempre) são a solidariedade, a generosidade e a compreensão de cada um que devem ser usadas como tábua de salvação por quem rema contra a corrente. Não pode haver humanidade maior do que se colocar ao lado daquele que se debate entre a depressão e o desejo de por fim a tudo.


Deixo aqui um convite aos que se interessarem em conhecer o trabalho da ONG mencionada nesse texto.

Segue link do site:


Deixo também o link do CVV – Centro de Valorização da Vida que realiza um trabalho de apoio emocional e prevenção do suicídio: www.cvv.org.br


Priscylla Spencer

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