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  • Pensar a Dois

A quem interessa um país dividido?



Um povo dividido é um povo enfraquecido. E um povo enfraquecido é um povo fácil de controlar.


Principalmente quando esse povo agoniza em uma maca de ódio, medo, ignorância, prepotência e intolerância.


Nesse período eleitoral, enquanto estamos ocupados demais espalhando e rebatendo notícias falsas, posições políticas, frases de efeito, ameaças e ofensas, não resta muito tempo para refletir e debater sobre algumas questões que estão levando o país ao caos.


Por exemplo: quem está por trás dessa crise política e social que estamos vivendo? Quem está ganhando com essa cizânia popular?


Muito tem se falado sobre a tal da polarização: Direita x Esquerda, Ricos x Pobres, Nordeste x Sudeste, Antipetistas x Antifascistas, Nós x Eles e por aí vai...


Mas porque (de fato) estamos vivendo esse fenômeno?


A polarização (que não vem de hoje) parece ser vista com naturalidade pelas pessoas, como algo inerente à natureza humana.


Em parte é verdade.


Somos seres diferentes, com ideais, conceitos e modelos de vidas distintos. Portanto, é natural que em nosso meio encontremos pessoas com pensamentos e condutas totalmente opostos aos nossos.


Mas esses pontos de vista divergentes, quando analisados de forma humanizada, sem preconceitos, são salutares para a construção da democracia, para o fortalecimento de uma sociedade pluralista que acolhe e aprende com diversos pontos de vista. Pode-se viver pacificamente dessa forma e crescermos muito como cidadãos.


Contudo, por qual motivo uma boa parte de nós crê que quem pensa diferente é inimigo? Por que nós sempre estamos certos e eles errados? Por que não somos nós que estamos errados e eles certos? Por que os dois não podem estar certos? Por que os dois não podem estar errados? O que é certo e errado?


Por que temos que aceitar bovinamente esse cisma como algo normal, principalmente na hora de decidirmos o rumo do país, quando deveríamos estar mais unidos do que nunca em prol de toda a sociedade?

Não é no mínimo estranho, justamente nessa época, nos dividirmos em grupos e subgrupos beligerantes, raivosos, se isto nos torna mais fracos e sujeitos à manipulações?


Temos mais coisas em comuns que imaginamos. Independentemente da inclinação política, todos querem melhorias na educação, economia, habitação, saúde, segurança, trabalho, transporte, cultura...


E juntos, acreditem, podemos conseguir tudo o que queremos. Tudo! Sem ter que tirar direitos de ninguém. Respeitando todos os credos e valores.


Mas, pelo visto, não querem que a gente exerça a força que temos. Aliás, não querem nem que saibamos da força que temos.


Já testemunhamos algumas amostras dessa vitalidade cívica, como a “Diretas Já” e, mais recentemente, as Jornadas de Junho de 2013.


Mas logo elas perderam a coesão e não tiveram continuidade.


Por que?


Porque não querem que deixemos a condição de títeres.


Por meio da normose, somos mantidos em constante estado de distração, ocupando-nos com discussões pouco produtivas que desviam nosso olhar crítico do foco central do problema.


Somos doutrinados sutilmente, por meio de muitos estereótipos e mensagens vazias de razão e cheias de preconceito, para adotarmos um determinado posicionamento e combatermos quem se opõe a ele. Estamos sempre em busca do combate, e não do consenso. Queremos que o nosso lado seja o vencedor, e não o deles.


É tudo muito surreal! Somos soldados de um mesmo exército degladiando-se entre si, com a munição que esse titereiro oculto nos fornece à mancheia. Assim, sem ter disparar um tiro, consegue neutralizar nossas forças sem fazer um pingo de força.


É ele que nos faz de quatro em quatro anos terceirizar a solução (?) dos problemas, em acreditar em “salvadores da pátria” (seja de direito, centro, esquerda), em quase irmos às vias de fato por defender candidatos totalmente inaptos para governar.


Sei que esse meu desejo de união popular é amante da utopia. Mas quem sabe, aos poucos, por meio de muita reflexão, empatia, resignação, generosidade, altruísmo e amor um dia a gente não chega lá?


E porque nós, da próxima vez que formos instigados a nos posicionarmos politicamente, antes de partirmos para o embate, não introspectamos sobre alguns pontos como:


• Por que eu penso assim?

• A quem interessa eu defender esse ponto de vista?

• A quem interessa eu tratar quem difere do meu ponto de vista como inimigo?

• A quem interessa manter uma nação dividida?


Acho que é um começo. Principalmente se respondermos essas questões usando só a intuição, sem preconceitos, sem racionalizações, sem os argumentos enviesados que aprendemos com as doutrinas com as quais fomos forjados.


Quem sabe a gente não encontra respostas que irão mudar totalmente o modo como enxergamos o mundo? E percebermos que dilemas como#elenão x #elesim talvez não passem de mera distração?


Denis Zanini

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